Após causar polêmica com a Igreja Católica no Rio de Janeiro, o site de encontros Ohhtel.com
–voltado para quem procura sexo fora do casamento– decidiu retirar de
um outdoor um anúncio publicitário no qual usava a imagem do Cristo
Redentor para vender seus serviços. “Tenha um caso agora! Arrependa-se depois”,
dizia a propaganda, com o Cristo ao lado, localizada na avenida
Armando Lombardi, na Barra da Tijuca, zona oeste da capital. Para
a Arquidiocese do Rio, responsável pelo santuário onde está o Cristo e
detentora dos direitos de imagem, o anúncio era uma “blasfêmia” e
denotava uma ofensa sem precedentes.
“Eu realmente sinto
muito por termos ofendido a igreja”, disse o responsável pelo
escritório-sede da empresa The Ohhtel, em Las Vegas (EUA), Martin Frankel, em resposta à arquidiocese. A empresa pediu desculpas ao arcebispo dom Orani Tempesta por ter utilizado indevidamente a imagem. A gerente de comunicação do site no Brasil, Karen Meohas,
reforça que não houve intenção de causar danos ou molestar a
Arquidiocese do Rio de Janeiro. “A empresa se colocou à disposição da
arquidiocese, eles podem utilizar o outdoor pra veiculação de qualquer
mensagem de retratação e reforço da importância da fidelidade”, diz
Karen, que aguarda uma resposta da igreja.
“Temos mais 13 dias
de contrato com aquele espaço e o Ohhtel vai custear toda criação e
impressão do material caso eles tenham interesse”, ressalta. Segundo a
advogada da arquidiocese, Claudine Milione Dutra,
a empresa retirou a propaganda assim que recebeu uma notificação e
enviou uma carta se retratando. “Para a arquidiocese, isso foi o
suficiente”, afirmou. Segundo Claudine, a arquidiocese é detentora dos
direitos autorais e patrimoniais do Cristo Redentor e não cobra pelo
uso da imagem, mas está “atenta” a qualquer uso deturpado.
Entenda como funciona o site
O polêmico serviço do site Ohhtel.com é um sucesso nos EUA –onde tem
1,3 milhões de usuários e ganha um novo inscrito a cada 30 segundos– e
foi lançado em maio na Argentina, onde 70 mil pessoas se cadastraram em
50 dias. No
Brasil, o serviço estreou em 11 de julho deste ano. Segundo os
organizadores, o site já tem mais de 190 mil membros no país. Além de
EUA, Brasil e Argentina, o serviço é oferecido também no Canadá e no
Chile. O sistema funciona por meio de perfis: os usuários exibem
suas preferências sexuais e podem travar conversas on-line ou trocar
mensagens com perfis de seu interesse. O cadastro é gratuito, mas os
homens precisam pagar uma taxa para se ter acesso ilimitado; já as
mulheres têm acesso grátis.
A vice-presidente de operações para
o Brasil, Lais Ranna, afirma que o objetivo da empresa é atender
pessoas que vivem em um casamento sem sexo, mas não querem o divórcio. Para Ranna, a infidelidade pode ser o segredo para um casamento duradouro.
“O Ohhtel vai mudar a forma como os brasileiros enxergam o casamento e
a infidelidade. É um serviço polêmico e muitas pessoas são contrárias a
ele, porém muitas agradecem ao Ohhtel.com por existir”. Uma pesquisa
realizada entre os brasileiros, porém, indicou que o perfil de quem
procura o site por aqui é diferente do encontrado em outros países. “Os
próprios usuários responderam um questionário sobre seus hábitos
sexuais e relacionamentos. A porcentagem de homens que afirmaram ter
relações sexuais dentro do casamento mais de uma vez por semana foi 36%
e a de mulheres, 33%” diz Lais.
O principal motivo apresentado
pelo público masculino para trair foi a necessidade de “variar”. Na
ala feminina, a razão alegada foi a necessidade de "romance". Mais da
metade dos usuários afirmam ter tido pelo menos cinco casos fora do
casamento, mas que não pedem o divórcio porque amam suas mulheres.
Entre as mulheres cadastradas pesquisadas, 38% afirmam ter tido de dois
a quatro relacionamentos fora do casamento, enquanto 50% delas também
alegam amor ao marido para o fato de continuarem casadas.